sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Lost in Life - episódio 4

Lembrou-se de quando ia nos fins de semana na casa de sua avó. É verdade que era muito pequenina, mas se lembrava perfeitamente. Sabia guardar as coisas boas. Quando ela e seu primo - mais ou menos da sua mesma idade - sentavam no sofá, ao lado de sua avó e passavam a tarde a ouvir estórias sobre sua juventude.. Como era levada! Essa palavra, aliás, era dela mesma. E ela descrevia cada momento parcante com tanta precisão.. Com tantos detalhes, que os faziam pensar que estavam ali, vivendo aquilo com ela, vendo tudo o que se passava. E não eram estórias bobinhas, não. Eram estórias verdadeiras, estórias com emoção, partes de uma vida que fazia sentido.


A vida de sua avó fazia sentido.

A vida de seu primo fazia sentido.


Mas a dela não parecia fazer sentido... os pensamentos e as lembranças foram interrompidos pelo toque do telefone. Já parecia tocar há algum tempo, e ela nem percebera. Ainda correu para atender, mas já era tarde demais. Pensou em ligar para a sua avó. Ouvir uma estória. Outra estória. E outra, e outra... e quantas ela quisesse contar.


Decidiu não ligar. Poderia visitá-la, saber como está, abraçá-la. Sua avó a fazia sentir muito segura. Mais até do que ela se sentia no colégio. Nos braços dela, a garota se sentia intocável. Mas sua mãe não a deixava visitar a avó. Não deixava porque o pai não deixava. O que acontecia dentro daquela casa só podia ficar entre eles. Mas sua mãe não estava ali. Nem seu pai. Não pensou duas vezes. Correu para o quarto, enfiou umas roupas limpas dentro da bolsa junto a uma toalha, saiu e trancou a porta.

2 comentários:

João Guilherme disse...

Nada como o amor de vó.
Afinal, isso é uma ""história"" ou não,Yaruka?

João Guilherme disse...

descul pa o furo é que eu não tava prestando atenção.